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   Situado no norte da Bahia, o município de Juazeiro possui cerca de catorze comunidades mapeadas como remanescentes de quilombos. Somente uma delas, o Alagadiço, é certificada pela Fundação Palmares. As comunidades vizinhas lutam pelo mesmo processo.

    
    A militância nasce a partir dos sonhos coletivos: saúde, educação, emprego, lazer e território. Com as batalhas diárias, se reconhecem como negras e negros e aos poucos, percebem-se quilombolas. Reivindicam o pedaço de terra perdido para o agronegócio. Reivindicam direitos historicamente negados. Reivindicam suas narrativas, sua ancestralidade. 


  Nos movimentos culturais, nas manifestações religiosas, nas associações de moradores, na luta pela certificação das terras, na boca do povo que conhece cada uma pelo apelido afetuoso: mulheres que constroem a história das suas comunidades com as próprias mãos.

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    Neste trabalho, por questões técnicas, contemplamos apenas o Alagadiço e o Rodeador, que ficam a cerca de 20km da sede do município. Agradecemos a cada uma das personagens que abriram suas casas e puxaram uma cadeira para contar suas trajetórias. Dedicamos a todas as mulheres sertanejas, quilombolas, ribeirinhas. Às mulheres que sonham.


    São muitas. De diferentes idades. As que se foram abriram caminho para Cida e sua mãe, Dona Eufrosina. Para Dona Vinô, a matriarca do Alagadiço, e suas irmãs, Dona Lourdes e Dona Alaíde. Para Sueli e sua Penitência que pede passagem em tempos de assombrosa repressão religiosa. Para Dona Perpétua, que durante anos costurou uma a uma as saias que giravam com o Samba de Véio do Rodeador. 


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O nosso muito obrigada, 
um outro mundo é possível porque vocês existem.

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Localizada a cerca de 20 quilômetros do centro da cidade de Juazeiro-BA, a comunidade Alagadiço garantiu em maio de 2016 a certificação enquanto comunidade remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares. Nesse processo, o Alagadiço vem se reconstruindo politicamente. Com quarenta e três  famílias, a principal fonte de renda da comunidade é a agricultura familiar e a pecuária.

O Velho Chico vai passando devagar 
Por duas comunidades que ele já chegou a alagar 
Entre cheias e estiagens os ribeirinhos quilombolas vão sobrevivendo 
E em cada pé de chão vão plantando seu sustento
No Alagadiço calçamento não há 
E a água que nem é boa demora de chegar 
O povo pra sobreviver precisa se virar 
E uma cisterna mandaram instalar
A luta pela terra é todos os dias
Têm homem querendo tomar conta de tudo 
Para sua plantação aumentar
Com a comunidade unida à justiça veio orientar
O homem paga uma quantia pra se livrar
A comunidade agora é certificada 
Tá no papel e nas ações de suas lideranças
Que na sua maioria são mulheres de força e ‘brabança’
No Rodeadouro a coisa não é diferente
A comunidade também precisa de reformas urgentes
Pedidos ao prefeito já fizeram de montão 
Só que ele só aparece em tempo de eleição
As mulheres são as raízes dessas comunidades
Detentoras de histórias e de muita sabedoria 
Vão batendo palma e levantando poeira
Nas rodas de São Gonçalo e do santo do dia

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Texto: Caio Alves

Rodeador ou Rodeadouro? As duas formas estão certas. O nome é uma referência à volta que os navegantes davam na ilha antes de chegar em Juazeiro. Era o rio querendo brincar com os barqueiros. Ali, descansavam um pouco antes de seguir viagem. O Rodeador está localizado a 13 quilômetros do centro de Juazeiro. Atualmente, a comunidade luta para garantir a certificação enquanto território remanescente de quilombo frente à Fundação Palmares.

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Vídeo Rodeador
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Dona Maria Perpétua de Miranda
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